A força das mulheres brasileiras fez história na Olimpíada de Tóquio
Por Edna Vasselo Goldoni – Presidente e Fundadora do IVG
A Olimpíada de Tóquio foi pensada e organizada para ser a edição mais diversa e igualitária dos últimos tempos.
Mas foi preciso uma troca de comando para que fosse possível realizar as mudanças necessárias. Yoshiro Mori, o então presidente do Comitê Organizador, depois de ter feito comentários sexistas, quando disse que “as mulheres falam demais nas reuniões do Comitê”, foi pressionado a deixar o cargo quando foi substituído por Seiko Hashimoto, ministra e ex-atleta olímpica.
Finalmente a voz e o espaço das mulheres tem sido respeitado com ações efetivas, mas nem sempre foi assim. A história mostra que as mulheres lutaram muito pelo direito de competirem nas olimpíadas.
Os primeiros jogos que aconteceram em Atenas (1986) foram só com homens. O fundador da competição, o barão Francês Pierre de Coubertin disse na época “Uma Olimpíada com mulheres será impraticável, desinteressante, sem estética e imprópria”.
Bom, sabia de nada esse Barão…
O que mudou em Tóquio
- A participação de atletas mulheres foi de 48,8% entre os quase 11 mil atletas.
- Mesma visibilidade entre os eventos masculinos e femininos.
- Mudança na regra da cerimônia de abertura permitindo que os Comitês. Nacionais indicassem uma mulher e um homem para carregarem juntos a bandeira do evento.
- A pedido da Comissão de Atletas, pela primeira vez as palavras “inclusão” e “igualdade” fizeram parte do texto do juramento olímpico.
- Foi determinado, pela primeira vez, que todos os 206 Comitês Olímpicos Nacionais tivessem ao menos uma atleta e um homem na equipe.
Para as Olimpíadas de Paris, em 2024, a expectativa do COI é ter 50% de atletas de cada gênero.
Assim teremos ainda mais o que comemorar.
Brasil
Se para o mundo essa edição ficou marcada com a bandeira da igualdade e diversidade, para o nosso país ela pode ser considerada a edição do Protagonismo Feminino.
Das 21 medalhas conquistadas pelo time brasileiro em Tóquio, nove são das mulheres.
Dos 302 atletas brasileiros, 141 são mulheres o que representou 47% de participação contra 43% na última edição.
As mulheres brilharam e ajudaram o Brasil a conquistar a melhor posição da história, com o 12º lugar no ranking dos países.
“A mulher pode ser o que ela quiser, onde quiser, na hora que quiser. O que a gente vem recebendo de ajuda e igualdade representa muito e faz diferença nas medalhas do Brasil”, disse a Ana Marcela Cunha, quando subiu ao pódio para receber a medalha de ouro na maratona aquática.
Nossas Medalhistas
Rebeca Andrade – medalha de ouro no salto e prata no tablado na ginástica artística.
Ana Marcela Cunha – medalha de ouro na maratona aquática.
Martine Grael e Kahema Kunze – medalhistas de ouro na vela classe 49 e FX.
Beatriz Ferreira – medalha de prata no boxe.
Rayssa Leal – medalha de prata no skate street.
Laura Pigossi e Luisa Stefani – medalhistas de bronze no tênis de duplas.
Mayra Aguiar – medalha de bronze no judô.
Seleção brasileira de Vôlei – medalhistas de prata.
Elas nos fizeram vibrar com suas conquistas e histórias de superação, além de mostrarem que a mulher pode protagonizar o pódio que ela quiser, utilizando sua determinação e força.
É isso que vemos nas palavras de Rebeca Andrade e Rayssa Leal, que são tão novas mas, já sabem bem o seu lugar.
Rebeca Andrade – “Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes”.
Rayssa Leal – “Se uma menina de 13 anos vai representar o Brasil hoje, é por causa de mulheres skatistas que me inspiram, que mostram que uma garota pode tudo.”
O que podemos esperar de Paris 2024
A expectativa para os jogos olímpicos de Paris é grande. Mas a minha, é que o COI consiga incentivar os Comitês Olímpicos para, que cada vez mais as mulheres tenham espaço para alcançar seu lugar na competição. E que possamos chegar à marca de 50% de mulheres. Falta pouco.
Que os patrocinadores vejam nas mulheres o mesmo potencial que veem nos homens, realizando seus investimentos de forma justa e igualitária.
Enquanto isso eu, juntamente com o IVG – Instituto Vasselo Goldoni, seguimos dando voz a essas mulheres e muitas outras.
E fico muito feliz quando vejo que, ao menos, nos jogos olímpicos estamos chegando onde merecemos.
Fontes: IstoÉ, Veja, Exame e El País.
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